segunda-feira, 24 de março de 2008

Amor em tempo de Cólera?


Amor, Cólera? Parecia uma combinação arrasadora, por isso fui ver o filme...
Confesso que não li o livro, tão afamado, de Gabriel Garcia Marquez e, talvez por isso, não tenha percebido a parte da cólera no título. Mas de facto este filme deixou-me a sensação de que lhe faltava qualquer coisa, qualquer pequeno detalhe que fizesse dele uma grande história, em vez de uma banal história de amor. Além de que lhe faltava, na minha opinião, o perfume do Castelhano (Espanhol para os puristas, pois parece que o Castelhano só se fala na vizinha Espanha, e não na América do Sul; e são versões muito mais próximas entre si que os portugueses do Brasil e de Portugal que, por sinal, têm o mesmo nome).
Tirando o inevitável lugar comum de que um filme nunca pode ser tão bom como o livro, o que parece ser o caso, este nem é nada mau. Até a tão temida (por mim) intervenção da Shakira, se fica por dois breves momentos que em nada estragam a película, embora, há que dizê-lo, a banda sonora pudesse ser francamente melhor.
O Javier Bardem monta um verdadeiro "papelão" e perfila-se como um futuro grande actor em Hollywood já que, ao contrário dos seus compatriotas, domina bem a língua Inglesa e não parece fadado aos eterno papeis exóticos, sem profundidade dramática.
O restante elenco traz ao filme uma curiosa mescla de sotaques, que vão da italiana Giovanna Mezzogiorno aos inúmeros actores americanos, passando pela "grande" Fernanda Montenegro que não tem, neste filme, uma verdadeira hipótese de demonstrar o seu enorme talento, mas dá à sua personagem uma cor especial.
A história é conhecida, um rapaz que se apaixona por uma rapariga cujo pai não permite o namoro. O rapaz irá amá-la pelo resto da sua vida, tornando-se uma espécie de fantasma, um ser sem alma. O problema do filme é que tem de recorrer a palavras para explicar a situação, tornando-se numa sucessão de cenas, aqui e ali, explicadas peça intervenção de qualquer personagem, sem um verdadeiro fio, sem chegar a ser cinema.
Não deixo, no entanto, de o recomendar, vale a pena assistir à interpretação de Bardem, e cumpre a função que, na minha opinião, tem um filme feito com base num grande livro: deixa-nos uma enorme vontade de ir a correr lê-lo.

5 comentários:

Cortes disse...

Já o compraste?

Henrique Marques disse...

Não, ainda não.

Henrique Marques disse...

Agora estou a ler o Rio das Flores, do Miguel Sousa Tavares. A seu tempo terá crítica aqui no blogue.

Cortes disse...

Estou à espera da crítica...

Cortes disse...

Já leste o livro ou não? É bem melhor que o filme, embora tenha gostado muito!

Ah! E a cólera a doença... ;)