sábado, 30 de abril de 2011

O Cemitério dos Prazeres

As peças do Chapitô são sempre boas, e esta segue a regra.
A história é sobre dois coveiros num cemitério, que vêem desfilar perante si uma série de situações, geralmente cómicas, com variadas personagens que cedo percebemos serem os "clientes" da dupla. Todos interpretados pelos excelentes actores Jorge Cruz e Tiago Viegas.
As cenas têm um ritmo alucinante, em que os actores mudam de personagem pela mudança de roupa, em cena. Tudo muito bem encadeado, sem tempos mortos, com os actores a alternarem entre si as mudanças e nunca quebrando o ritmo.
Os textos são sensacionais e o final surpreendente, e tudo num cenário minimalista, constituído simplesmente por peças de roupa espalhadas pelo chão e que servem o duplo propósito de serem roupa para as personagens e terra manejada pelos coveiros. Além disto apenas dois adereços: as pás.
Recomendaria vivamente se ainda estivesse em cena. Mas já não e o caso.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Teatralidades

No passado sábado saí com dois amigos para um programa que há muito não fazia: jantar e teatro.
O sítio escolhido foi o Chapitô e, como é habitual, foi necessário reservar mesa e o espectáculo. Se para o primeiro caso foi pacífico, mesa marcada com vista para o "mar", e em boa hora já que na altura do jantar o restaurante estava esgotado, para o espectáculo o caso caso foi mais bicudo: quando telefonei já havia mais de 90 reservas para uma sala que comporta cerca de 70 pessoas.
Chegado ao Chapitô para o jantar, dirigi-me à bilheteira e informei-os que estaria no restaurante e estava à espera de desistências para poder ver a peça. O senhor da bilheteira, muito prestável, foi mais tarde ter comigo ao restaurante para me informar que já havia bilhetes disponíveis e que os podia ir levantar. Ao que lhe respondi, apontando para a sobremesa, que assim que acabasse de jantar iria à bilheteira.
Duas senhoras estrangeiras, sentadas ao nosso lado, fizeram um ar de pânico, e perguntaram-nos, atrapalhadas, se tínhamos de nos ir embora. Ao que lhes respondemos que não, que podiam comer descansadas.
Julgavam que nos estavam o pôr na rua!

sábado, 23 de abril de 2011

Máxima

Um amigo meu, em tempos, fez uma viagem num navio de transporte de gado. Com o gado, vacas, vinha também o respectivo vaqueiro. Ora, o bom do homem tinha uma máxima que me ficou para sempre na memória. Dizia: "Eu tomo sempre banho no Natal e na Páscoa. Quer seja preciso quer não seja!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

À chuva de calções

No outro dia, aproveitando as férias que gozo esta semana, fui sair com uma amiga de longa data. Depois de jantar fomos a um conhecido, e antigo, bar aqui da capital. À saída, como tem sido hábito ultimamente, caía uma valente carga de água. Eu e a minha amiga ficámos à porta na esperança que o tempo amainasse.
Enquanto esperávamos chegou um grupo que tinha feito o caminho a pé e à chuva, ou seja, estavam encharcados. Refugiaram-se, tal como nós, debaixo do toldo, acenderam cigarros e entraram. À passagem pelo porteiro há um deles que lhe pergunta:
— Podemos entrar a fumar?
— A fumar sim, — responde o porteiro — mas de calções é que não.
Um deles ostentava, de facto, um par de calções muito em voga.
Eles bem tentaram argumentar com o porteiro e chegar à fala com o patrão, mas este não se demoveu:
— A política da casa é, quem vem de calções não entra. Sempre foi assim desde que cá estou e não vai mudar agora. Por isso nem vale a pena falar com o patrão porque não vai adiantar nada.
Não fiquei lá para ver o fim da cena, mas palpita-me que se tiveram de se fazer à chuva outra vez.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Conversa ao telefone com uma tia minha:
— Tens de cá vir a casa buscar uns pratos e umas chávenas que cá tenho, para levares para casa do teu tio. — Disse-me ela, ao que respondi:
— Mas ele não come em casa, não precisa de loiça.
— Pois é, mas podemos nós querer ir comer a casa dele, e precisamos de ter onde comer.
Muito bem visto. Tem toda a razão.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Ah Paris, Paris

A primeira vez que fui a Paris foi em turismo. Chegámos e partimos de avião, pelo aeroporto de Orly.
Na viagem de regresso apanhámos um "shuttle" do centro para o aeroporto, no qual foi também uma amigável senhora, do Sul de França, que rapidamente meteu conversa connosco.
Por acaso, havia obras no aeroporto, e o autocarro, que devia passar no terminal 5, foi directamente ao 4, e lá ficou parado tendo motorista dito, antes de se ir embora, que não nos precupássemos pois o autocarro passaria no terminal 5 no caminho de volta a Paris.
A senhora entrou em "stress", com medo de perder o avião.
Ás tantas volta-se para um sujeito que estava de pé na paragem e dispara:
— Mas afinal a que horas é que sai o autocarro? — ao que ele responde zangado:
— Ó minha senhora, já lhe disse três vezes que não sou o motorista!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Coisa vulgar

Aqui há dias, em conversa com um parente meu sobre outro familiar, indaguei do seu estado de saúde, que não está lá muito bem.
E dizia eu:
— Mas afinal o que é que ela tem?
— Não me lembro — dizia-me ele, que já está um bocadito esquecido. — aquilo que toda a gente tem.
— O quê? — Perguntei-lhe — Constipação?
— Não — Respondeu-me ele, lembrando-se finalmente — Cancro!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Tio Boonmee Que Se Lembra das Suas Vidas Anteriores

Entrei no cinema, como tem sido habitual nos últimos tempos, sem ninguém na sala.
O filme começa e logo de início sinto que algo não está bem. A imagem salta e tem pouca nitidez, como se fosse um filme dos anos 20. Imagino o som da máquina de projectar. Para ajudar à sensação o filme pára segundos depois de começar. Partiu a fita? foi de propósito? Não sei.
As imagens iniciais são de uma selva tailandesa, a envolvência sonora é magnífica. Quem tem este cuidado com a qualidade do som não tem aquela qualidade de imagem por acaso: é propositado.
Sou perseguido durante o filme pela sensação de que os actores debitam o texto com pouca emoção. Chegado a casa, uma rápida busca pela internet confirma-me a suspeita: o realizador gosta de usar actores não profissionais das suas produções.
Francamente, tenho de admitir que andei perdido durante o filme. A personagem principal é um homem às portas da morte. Ou será que já morreu? Recorda vidas passadas. Ou fantasia no extertor da morte? Sonha com o futuro. Ou fala com personagens que não existem a não ser na sua imaginação?
Logo no início da narrativa somos confrontados com a sua defunta mulher e o seu desaparecido filho, transfigurado num macaco-fantasma. Tudo assumido com tal naturalidade que nos leva a crer que é mesmo natural, ou seja, já estamos no reino dos mortos (ou não).
O filme evolui entre diálogos banais e paisagens tailandesas, num ritmo morno, sendo a única excepção o episódio da princesa desfigurada (que me parece ser interpretado por uma profissional e, talvez por causa disso, nos prende a atenção). Será, como li algures, uma vida passada do protagonista? Será mais um devaneio da sua imaginação? Não sei e creio que ninguém o poderá afirmar ao certo. Mas a incerteza parece-me ser o fio condutor deste filme. O realizador dá-se a grande trabalho para que nada fique devidamente certinho e arrumado.
O filme termina com a cena, talvez, mais surreal, envolvendo um monge budista que deixa de ser monge. Ou será que nunca foi? Que sai para jantar com uma das protagonistas da história. ou será que fica no quarto a ver televisão? Ou será que o que vi antes, no filme, não era a verdadeira história, e este fim sim? Ou será que este monge era apenas mais uma das encarnações do protagonista?
Não é, definitivamente, um filme para ver numa tarde de domingo, nem sequer de digestão fácil, mesmo para quem goste. A crítica que li é radical: ou adora o filme ou o odeia. Infelizmente as críticas favoráveis que li limitam-se a dizer que o filme é bom porque é bom, ou porque faz lembrar outros filmes. Sem nenhuma objectividade.
Quanto a mim, confesso, não sei se gosto ou se não gosto. Mas o filme deixou-me a pensar até muito tempo depois de o ver, e gosto disso.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Prémio

Aqui há dias fui com um grupo jantar a um restaurante lisboeta. Quando chegou à altura da sobremesa perguntei ao empregado o que é que ele aconselhava, ao que me respondeu, taxativamente:
- Prove o nosso cheesecake, recebeu uma medalha de ouro do melhor cheesecake.
- Ah sim? - respondi-lhe, em jeito de interrogação - e quem é que deu o prémio?
- Bem - disse-me ele com um ar um bocado baralhado, fazendo depois uma breve pausa - o juri!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Suecadas II

Nos meus tempos de juventude fui fazer um curso de verão a Coimbra, daquele tipo que mete estudantes de toda a Europa.
Acabadinho de chegar ao pólo da universidade e envergando uma T-shirt que tinha comprado na Suécia, onde tivera ido recentemente, que dizia: "Sweden land of the Vikings", entrei num bar onde nos aguardavam uma série de alunos locais que nos deviam orientar no começo do curso.
Conforme entro um deles vira-se para os outros e diz em alto e bom som:
— Aposto que este gajo é sueco!
Podem imaginar a cara dele, e a galhofa que foi na sala, quando lhe respondi que era português.

A crise chegou à Luz

E com ela a austeridade.
O revez causado pela perda do campeonato nas contas do Benfica, obrigou à tomada de medidas para poupança imediata. Assim, as luzes do estádio foram apagadas imediatamente após o final do jogo para poupança extra de energia, e o relvado passa, a partir de hoje, a ser regado de noite para evitar a evaporação e assim se poupar na conta da água.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ainda não tinha falado disto!

Nuno Markl: Vai-te embora.
Bruno Nogueira: reduz-te à tua insignificância.
Nílton: Volta para de onde vieste.
Unas: Nem tentes mais.
Agora temos o Paulo Futre!