segunda-feira, 28 de abril de 2008

Viva o mediatismo!

Escrevo esta entrada por causa de dois fenómenos recentes pelos quais passei os olhos no jornal de hoje. Um é o “carjacking”, termo importado dos Estados Unidos que designa o roubo de um carro com os seus ocupantes lá dentro, uma espécie de roubo de carro, “car theft”, misturada com rapto, “highjacking”, e para o qual proponho, desde já, o aportuguesamento para “roucado” (roubo de carro ocupado), pois é muito mais fácil dizer o meu carro foi roucado, do que dizer o meu carro foi “carjackado” (faz-nos de facto falta, na nossa língua, o ímpeto criador dos Americanos e, porque não, dos Brasileiros, para o desenvolvimento de neologismos – já estou a ver a reacção: " ‘carjacking’ é um termo perfeitamente aceitável, já “roucamento” é um perfeito disparate").
O outro acontecimento foi o número anormal de mortos na estrada, neste fim-de-semana prolongado.
Eu acho que ambos têm um ponto em comum, o mediatismo, se não vejamos. Até há algum tempo atrás, o roucamento (reparem como entra fluidamente no discurso) era um fenómeno quase exclusivo de Lisboa e Porto e, neste momento, alastra pelo resto do país. Em Lisboa e no Porto os meliantes só roucavam máquinas de grande cilindrada, se vamos gamar um automóvel que seja um de jeito, já fora deste dois centros até um miserável Smart é motivo de roucamento. Isto deve-se, sem dúvida, ao propagar, na televisão, de notícias de rocamentos vários, na Capital e na Invicta, aparentemente impunes, pois as televisões são rápidas e alarmantes a noticiar os roubos, mas não a noticiar a captura dos perpetradores. Isto certamente entusiasma os malfeitores de província a tentar os mesmos golpes.
No outro caso, os acidentes da estrada, devem-se, pensa este humilde escriba, a um fenómeno semelhante ao causado pelos radares fixos de detecção de velocidade abundantemente espalhados por Lisboa. Estes ponto de obrigatoriedade de cumprimento do código, arrastam consigo a noção de falta de necessidade de o cumprir no restante espaço viário da Capital. Ou seja: toca a acelerar que já passámos o radar! O facto de se propagandear as operações Páscoa, Natal e quejandas, faz com que os automobilistas, nos restantes períodos, se achem de trela solta para fazer as asneiradas que lhes derem na real gana, género: toca a andar que “eles” já não “andem” aí!
E a pergunta impõe-se: Que fazer, meu Deus, que fazer?

1 comentário:

Cortes disse...

Gosto de ler os teus posts ou em português os teus postes :) Ah! Gostei do termo roucamento, soa bem, mas em brasileiro também deve ser uma coisa jeitosa: carijaking. Eheh