quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cara ao léu

E a França lá aprovou a lei que impede o uso da Burca.

Confesso que é um assunto que me divide. E se me divide a mim, há de dividir ainda mais a opinião pública.

Por uma lado a burca é um costume ancestral do Médio-Oriente, embora não exclusivo, na grécia antiga as mulheres também usavam véu. E há que respeitar os costumes dos outros e deixá-los, tolerantemente, encontrar a “verdade” no seu tempo e à sua maneira.

Mas não consigo disfarçar que a Burca me revolta tremendamente. É que já as vi, em França e em Inglaterra, mulheres entrapadas da cabeça aos pés, enquanto os respectivos maridos andam “fresquinhos” de manga curta. A Burca não pode ser confortável. Pode, isso sim, proporcionar o conforto do hábito em vesti-la, como o sinto de segurança de um automóvel que, ao fim de anos de uso, se estranha caso não o usemos.

Será a Burca um assunto como o das mulheres na política? Em que uns defendem que não se deve forçar com cotas e deixar o destino e a consciencialização feminina resolvê-lo e, outros, acham as cotas um mal necessário que irá conduzir, mais tarde, a um maior envolvimento feminino depois deste se tornar corriqueiro?

Sou sensível, confesso, à necessidade de identificação e o direito à diferença das minorias. Mas sendo assim não se deveria também autorizar a excisão feminina, prática corrente nalguns países africanos, e não tão incomum em Portugal, por ser tradição de alguns povos? Dir-me-ão que num caso é apenas uma peça de roupa, enquanto no outro é mutilação física. É verdade, mas acho também que em ambos os casos não são actos voluntários. Penso que nenhuma criança gosta de andar entrapada da cabeça aos pés. Se o faz é por imposição familiar e, após uns anos, sente a falta da sensação de segurança que a Burca lhe proporciona.

Poderemos, deveremos, impor os nossos costumes liberais às comunidades estrangeiras que vivem nos nosso territórios?

Não me acho em posição de decidir como os outros hão de viver as suas vidas. Mas, repito, choca-me.

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